Mundo Urgente




A coluna Mundo urgente foi criada como um espaço de reflexão e denúncia das atrocidades e hipocrisias que acontecem em diversas regiões do mundo.




LIBIA...


Muitos na Líbia veem tribos como os bastiões da tradição


23/02 Manifestante mostram cartaz que chama Muamar Kadafi de louco durante protesto em Tobruk.


Mulher que recentemente fugiu da Líbia caminha com sua bagagem do lado tunísio da fronteira em Jdir.


Por todas as partes há insurgentes com a bandeira da independência de 1951.
 

Redação CORREIO

 

Pelo menos 640 pessoas já morreram na Líbia desde 14 de fevereiro nos protestos contra o regime de Muamnar Kadhafi, anunciou nesta quarta-feira (23) a Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH).

A equipe da France Presse viu rebeldes - na maioria armados - na estrada próxima ao litoral mediterrâneo que vai da fronteira com o Egito à cidade de Tobruk, a 150 quilômetros mais a oeste.

Por todas as partes há insurgentes com a bandeira da independência de 1951, anterior ao regime de Kadhafi. A rebelião, parcialmente inspirada nas revoltas das vizinhas Tunísia e Egito, onde governos ditatoriais caíram, se alastrou para Trípoli, a capital, no oeste.

A pressão internacional contra o coronel, no poder desde 1º de setembro de 1969, também cresce. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, pediu à Europa que suspenda todos os laços econômicos com a Líbia e adote sanções contra o país, depois da forte repressão aos protestos da oposição.

 

 

BBC Brasil
Crise na Líbia faz preço do petróleo bater novo recorde

Risco de uma guerra civil na Líbia fez petróleo bater recorde

O preço do barril de petróleo atingiu um novo recorde nesta segunda-feira, em meio a temores de que a crise na Líbia se transforme em uma guerra civil e se espalhe para outros países produtores na região.

Nos Estados Unidos, o preço do barril do petróleo do tipo leve aumentou US$ 1,95, chegando a US$ 106,75 do barril - o maior valor dos últimos dois anos e meio.

Já o petróleo tipo Brent, negociado em Londres, teve uma alta de US$ 1,92 e atingiu US$ 117,89 o barril, próximo ao recorde de US$ 119,79.

A recente alta no preço do petróleo se deu após notícias de que a cidade de Ras Lanuf, um importante polo petroleiro líbio, havia se convertido em um palco de batalha entre opositores e forças leais ao líder Muamar Khadafi, inclusive com ataques aéreos das forças do governo.

Bombardeio

Líderes da oposição afirmaram nesta segunda-feira temer que Khadafi bombardeie em breve as instalações petrolíferas, como estratégia para retomar o controle do leste do país.

Os Estados Unidos indicaram que estão considerando utilizar suas reservas de petróleo para controlar o aumento do valor do barril.

No entanto, até mesmo essa medida não conseguiu acalmar o mercado.

“Há muita preocupação com o que estamos vendo na Líbia. O mercado está sendo conduzido pelo medo”, afirmou Jonathan Barratt, analista da corretora Commodity Broking Services.

“Cada vez que o preço sobe um pouco, as pessoas são forçadas a negociar. E enquanto houver esse movimento, o preço vai continuar a subir.”

Segundo Barratt, o preço do petróleo leve pode chegar a US$ 120 o barril mesmo se não houver problemas de fornecimento.

https://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/03/110307_petroleo_alta_libia_mdb.shtml

BBC Brasil
Análise: Enfraquecimento de apoio tribal pode erodir poder de Khadafi


Durante seu pronunciamento na TV no domingo, Sayf Al-Islam Al-Khadafi - um dos filhos do líder líbio Muamar Khadafi – levantou a hipótese de uma guerra civil no país caso os protestos contra o governo continuassem, com membros de diferentes tribos "matando-se uns aos outros nas ruas".

Mas quanto desse discurso é real e o quanto é alarmismo? Qual o papel que as tribos líbias exercem na sociedade e qual a influência dos líderes tribais no país?

Durante os seus 42 anos no poder, Khadafi tentou eliminar o tribalismo. Nos primeiros dez anos de seu governo, a identificação tribal não era algo visto com bons olhos.

Nesse período, a Líbia avançou muito nos setores sociais e econômicos graças aos lucros do petróleo.

As mulheres líbias são livres para trabalhar e se vestir como quiserem – ficam sujeitas apenas às restrições familiares. A expectativa de vida gira em torno de 70 anos.

E a renda per capita, embora não seja tão alta considerando a população relativamente pequena de 6,5 milhões de pessoas, alcança US$ 12 mil, segundo estimativas do Banco Mundial.

O analfabetismo foi praticamente erradicado, assim como a falta de moradia – um problema crônico na era pré-Khadafi, quando barracos de metal povoavam os grandes centros urbanos.

No entanto, o tribalismo – que sobreviveu durante a monarquia e às tentativas de Khadafi de eliminá-lo – é uma realidade na Líbia contemporânea.

Enquanto muitos veem a existência das tribos como um obstáculo à mobilidade social, à igualdade de oportunidades e ao desenvolvimento da sociedade civil, mas sua importância política não é tão definida.

Origens

Na Líbia contemporânea, por um lado, muitos continuam a se identificar como pertencentes a uma tribo.

Por outro lado, o parentesco tribal vem perdendo forças por causa do maior acesso à educação e da urbanização, que distancia as pessoas de suas origens e contribui para o enfraquecimento dessa afinidade tribal.

Em sua tentativa de eliminar o tribalismo, Khadafi contou inicialmente com o apoio da maioria da população. Recém-chegado ao poder, a credibilidade política do líder ainda era alta e incluía a simpatia do Exército.

 

Khadafi tentou eliminar tribalismo em seus 42 anos de poder

Mas à medida que ele perdia popularidade, passava a contar mais e mais com os pilares do tribalismo, assim como a rivalidade entre as tribos, para se manter no poder.

Isso foi mais evidente nas Forças Armadas, onde cada uma das tribos está representada. Incentivar disputas entre as tribos no Exército não apenas fortaleceu o poder de Khadafi entre os militares, mas também desviou a atenção de suas próprias ações no governo.

Atualmente, as rivalidades tribais são evidentes nas Forças Armadas, onde a tribo do próprio líder – a Qadhadfa – foi colocada contra a Magariha, do responsável pelo atentado de Lockerbie, Abdelbasset Ali Al-Megrahi.

A tribo dos Magariha é próxima dos Warfalla, que somam um milhão de pessoas, e por sua vez têm relações com os Al-Zintan, provenientes de uma das cidades onde começaram as revoltas contra o governo.

Influência

Na população em geral, porém, a importância das tribos e dos chefes tribais não deve ser exagerada.

A filiação tribal pode ter um papel importante na hora de garantir o emprego e serviços públicos por meio de indicações. Ela influencia da mesma forma que os contatos e as redes sociais em outras sociedades.

Mas, em termos de poder político, as tribos têm importância limitada, com muitos dos pilares do regime (como as forças de segurança) compostos por pessoas de diferentes filiações tribais.

Tampouco se deve superestimar a influência dos chefes tribais – no fim das contas, eles são ouvidos apenas por aqueles a quem seus conselhos convêm.

Mesmo nas disputas familiares – uma esfera na qual têm relativa importância – a influência dos chefes tribais é limitada.

Portanto, qual a importância do alerta de Saif Al-Islam e do apoio aos críticos do regime supostamente manifestado por alguns líderes tribais?

Devemos levar a sério as notícias sobre a ameaças da tribo Al-Zuwayya, no leste, de cortar as exportações de petróleo?

Uma guerra civil só ocorrerá se o regime decidir resistir até o fim e permanecer indiferente às mortes, como vem fazendo nos últimos dias.

Se for este o caso, de um lado estarão o regime e os seus partidários; de outro, as forças de oposição ao governo, independentemente das filiações tribais.

A importância destas declarações de chefes tribais é pequena em termos de poder - pouco influencia o equilíbrio das forças em campo.

O fato é que trabalhadores no setor do petróleo, membros das Forças Armadas e funcionários de outras estruturas estatais com afiliações tribais tomam suas decisões independentemente o que o líder da tribo diga.

Entretanto, em se tratando do moral do regime e de seus simpatizantes, as declarações desses chefes tribais são importantes.

Na percepção pública, elas podem dar a impressão de que o poder está escapando ao controle do regime e erodir ainda mais a barreira de medo que tem garantido a ausência de uma oposição visível a Khadafi por tanto tempo.

 https://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/02/110222_libia_analise_pu.shtml

Caros amigos,                                                                                                                              AVAAZ.ORG

As forças armadas da Líbia estão usando metralhadoras e aviões de guerra contra manifestantes pró-democracia -- centenas de pessoas foram mortas e sem uma ação internacional imediata a situação poderá virar uma tragédia ainda maior.

O Conselho de Segurança da ONU está tendo reuniões de emergência sobre a Líbia agora mesmo. Se nós conseguirmos pressioná-los a bloquearem o
tráfego aéreo sobre a Líbia, congelar as contas do Kadafi e seus generais, implementarem sanções direcionadas ao regime e abrir processos em cortes internacionais contra os militares envolvidos na repressão -- poderemos impedir os bombardeamento aéreo e dividir a hierarquia de comando do Kadafi.

Nós não temos tempo a perder -- o povo da Líbia está sendo massacrado pelo seu próprio governo. Clique no link para enviar uma mensagem diretamente para as delegações do Conselho de Segurança da ONU, pedindo o fim da violência. Depois, compartilhe esta campanha com todo mundo -- vamos inundar a ONU com mensagens:



Send a message now!



O povo da Líbia está sendo assassinado por demandar liberdade, saúde, educação e uma renda decente -- necessidades básicas que todos nós compartilhamos. Vamos erguer as nossas vozes agora, como uma comunidade global, para condenar o massacre chocante, para agirmos contra a violência covarde dos militares e para apoiar os líbios na sua demanda justa por mudanças sociais.


 

 


Com esperança e determinação,

Alice, Ricken, Pascal, Graziela, Rewan e toda a equipe Avaaz

Fontes:

Aeronaves militares abrem fogo em vários locais de Trípoli:
https://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/02/21/aeronaves-militares-abrem-fogo-em-varios-locais-de-tripoli-923848487.asp

Kadafi luta para se manter no poder, mas está cada vez mais isolado:
https://www.dw-world.de/dw/article/0,,14870558,00.html

Número de mortos na Líbia chegaria a 10 mil:
https://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI213457-15227,00-NUMERO+DE+MORTOS+NA+LIBIA+CHEGARIA+A+MIL.html

Líbia: Conselho de Direitos Humanos da ONU convoca reunião para sexta-feira:
https://aeiou.expresso.pt/libia-conselho-de-direitos-humanos-da-onu-convoca-reuniao-para-sexta-feira=f633989

Do centro da Europa

24.02.2011 Mundo | 23.02.2011

Kadafi luta para se manter no poder, mas está cada vez mais isolado

 

Manifestação em Tobruk, cidade controlada por rebeldes

Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Manifestação em Tobruk, cidade controlada por rebeldes

Ditador estaria entrincheirado num ponto da capital da Líbia, enquanto sua ditadura perde apoio dentro do país e no exterior. França e Alemanha ameaçam com sanções contra mandatários líbios.

 

O ditador líbio Muammar Kadafi, de 68 anos, perde apoio a cada dia que passa. Vários ministros, diplomatas e militares já abandonaram o líder árabe. Ele também perde apoio entre as tribos da Líbia. No exterior, há cada vez mais apelos pelo fim da violência. A França defendeu nesta quarta-feira (23/02) a adoção de sanções contra as lideranças líbias.

Kadafi, que afirmou na televisão que só sai morto da Líbia, estaria entrincheirado com quatro brigadas num ponto da capital, Trípoli. Enquanto isso, oposicionistas festejam vitória em diversas cidades do leste do país, principalmente em Bengasi e Tobruk, na região de Cirenaica. O ministro italiano do exterior, Franco Frattini, disse que toda essa região está sob comando dos rebeldes.

As ruas de Trípoli estariam desertas nesta quarta-feira, segundo o relato de diversas testemunhas. Os apoiadores de Kadafi estariam atirando na direção de qualquer pessoa que se movimentasse pela cidade, afirmaram as testemunhas.

Militares que se uniram aos oposicionistas em BengasiBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Militares que se uniram aos oposicionistas em Bengasi

Há incerteza sobre o número total de vítimas dos protestos. Segundo o regime líbio, 300 pessoas morreram, enquanto a Federação Internacional de Direitos Humanos diz que foram ao menos 640, das quais 275 em Tripoli e 230 em Bengasi.

Perda de apoio

A violência da reação de Kadafi contra a população do próprio país causa indignação entre a comunidade internacional. O Conselho de Segurança da ONU pediu o fim imediato da violência. Também a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, condenou a reação das tropas de Kadafi.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-monn, disse ter telefonado durante 40 minutos com o ditador. Ban teria dito que os relatos sobre os acontecimentos na Líbia apontam para claras afrontas ao direito internacional e aos direitos humanos. A violência contra civis não ficará impune, alertou o secretário-geral, segundo um porta-voz.

A Liga Árabe, numa reunião de emergência em Cairo, decidiu suspender temporariamente a participação da Líbia na organização.

Mais um ministro abandonou o governo de Kadafi nesta quarta-feira. Depois do ministro da Justiça, foi a vez do ministro do Interior, Abdulfattah Junis, que Kadafi havia declarado morto no dia anterior. Em entrevista à emissora Al Jazeera, Junis disse que partidários do ditador tentaram matá-lo.

UE indecisa quanto a sanções

Nesta quarta-feira, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, pediu sanções concretas e imediatas contra os mandatários líbios. Já a Comissão Europeia declarou que as ameaças de Kadafi contra a população do seu próprio país são inaceitáveis. O ditador havia prometido, no dia anterior, que limparia a Líbia, "casa por casa".

Também dois ministros do Exterior, o alemão Guido Westerwelle e o luxemburguês Jean Asselborn, defenderam a adoção de sanções contra Kadafi e seu grupo. Asselborn acusou as lideranças líbias de genocídio. A ministra espanhola Trinidad Jiménez disse que Kadafi perdeu toda a legitimidade.

A União Europeia não consegue chegar a um consendo sobre sanções, devido a restrições da Itália e de Malta, segundo declararam diplomatas à agência de notícias AFP. Esses dois países possuem fronteiras próximas à Líbia e temem uma nova onda de refugiados.

A União Europeia enviou especialistas para as fronteiras da Líbia com a Tunísia e o Egito, com o objetivo de avaliar a situação dos libaneses que deixam seu país. O porta-voz da Comissão Europeia que confirmou esta informação destacou que não há sinais de uma crise humanitária. Segundo a UE, cerca de 5 mil tunisianos e libaneses atravessaram a fronteira rumo à Tunísia.

O ministro italiano do Exterior, Franco Frattini, calculou que pelo menos 200 mil refugiados vão afluir à UE, em caso de queda do ditador líbio. Ao jornal Corriere della Sera, Frattini disse que a previsão entre 200 mil e 300 mil ainda é modesta. A maioria deles viria de países ao sul do Saara, afirmou o ministro.

Diversos países estão retirando seus cidadãos da Líbia, entre eles os Estados Unidos, a Alemanha, a França e o Brasil. Várias pessoas deverão ser retiradas de navio do país.

AS/dpa/afp/rtr/dapd
Revisão: Augusto Valente

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